quinta-feira, 15 de março de 2012

A Hora da Estrela

Vamos falar sobre o meu primeiro livro da tão adorada Clarice Lispector. É, aquela mesma Clarice que você, com certeza, conhece por ter lido alguma frase ou trecho de livros em uma rede social qualquer. Por isso eu tinha certa raiva dela. Que chato é ter de ler as mesmas frases, com os mesmos significados e até as mesmas palavras! Sempre achei que ela seria muito triste e sem graça. Porém, fazendo uma prova de um concurso, li uma pequena biografia sobre Lispector. Fiquei com MUITA pena dela. Sua vida foi uma tristeza, sua mãe morreu cedo, seu filho tinha uma doença mental e ela, como era uma mulher muito "pra frentex", não conseguia se encaixar no estilo de vida feminino da sua época. E ela sofreu, hein? Sofreu demais! Até consegui entender porque ela sempre me pareceu um tanto quanto melancólica e entediante. Então, deixando minhas pecuinhas de lado, resolvi ler alguma obra assinada por Clarice Lispector, assim poderia ter uma opinião mais correta sobre ela.
O livro começa num ritmo bem lento. Clarice usa um pseudônimo, Rodrigo S.M. , e conta a história de Macabéa (amei esse nome), uma nordestina que veio trabalhar no Rio de Janeiro. Macabéa é uma mocinha que não sabe nada da vida. Inocente e pobre, a personagem principal não sabe falar nomes difíceis, nem entende a lei dos homens. Tem como companheira a Rádio Relógio, sua maior ligação com o mundo. Macabéa se apaixona por Olímpico de Jesus, também nordestino. Porém, Olímpico troca Macabéa por sua amiga Glória. A mocinha, então, visita uma cartomante, que prevê um futuro muito diferente do que realmente estava para acontecer.
Minhas considerações não são poucas. Achei o começo chato. Bem chato. Clarice usa um recurso que deixou tudo muito massante: ela vai descrevendo todo o processo criativo da história, o chamado discurso metalinguístico, e isso deixa o texto pesado. Sem falar na melancolia e nas reflexões sobre a vida que o narrador não se contenta em fazer apenas uma vez. Só comecei a me interessar realmente pela história quando Macabéa conhece Olímpico. Então, o sentimento de tédio mudou para o de raiva. Raiva do Olímpico, aquele brutamontes grosseiro. Não sabia lidar com a Macabéa, que a essa altura já estava morando no meu coração, e isso me irritava muito. Fiquei feliz quando eles terminaram. E vou explicar porque a mocinha me agradou: sua inocência. Achei que ela era muito fofa e, sendo uma pobre coitada, muito simples e carinhosa. Fiquei realmente encantada com ela.
Em suma, acho que o ponto central do livro é fazer uma reflexão sobre as nossas condições de vida, a importância que damos a certos assuntos. Faz você pensar mesmo e isso me agradou. O ponto negativo foi a lentidão da história. Por isso, daria nota 7 para o livro. Indico sim, porque, como disse meu amadíssimo professor de Português, toda mulher se preze deve ler Clarice Lispector.
"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Dom Casmurro

Estava namorando esse livro há tempos, mas não conseguia ler. Aproveitei as férias para ver "Capitu", uma mini-série da Globo baseada na obra de Machado de Assis. Fiquei tão apaixonada pela série que tive de correr para ler o livro! Na tv, a obra ganha vida de uma forma maravilhosa, com ótima atuação e trilha sonora perfeita. É uma mistura do contemporâneo com o antigo que, ao meu ver, tem a nota máxima. De longe a melhor coisa já produzida pela Globo. Recomendo muito! E, agora, vamos ao livro, que é o ponto principal desse meu post.
Em "Dom Casmurro", temos a história de amor de Capitu e Bentinho, contada pelo próprio. Passa-se pela infância e pela adolescência, até o casamento e a velhice. Bento Santiago, o Dom Casmurro, recebe esse apelido por ter se tornado recluso e solitário. Não tendo um melhor passatempo, resolve escrever um livro de memórias, contando sua história. Desde que nascera, Bentinho tinha como destino se tornar padre, graças à uma promessa feita pela mãe. Não querendo ir ao seminário, pois estava apaixonado pela vizinha Capitu, ele tenta se livrar ao máximo da obrigação. Consegue e vai estudar longe. Ao voltar, já um homem feito, casa-se com Capitu e os dois vivem a sua história de amor. Porém, tudo gira ao redor das desconfianças e dos ciúmes de Bentinho, que insiste que Capitu o traiu com seu melhor amigo, Escobar. Afundado em mágoas e desespero, Bentinho se afasta de todos e no fim, fica sozinho. A grande jogada da história toda é a dúvida eterna: Capitu traía mesmo seu marido?
Machado de Assis é um gênio. Esse é o resumo de tudo que eu penso dele. Escreve graciosamente, sem perder a precisão. Põe o leitor no lugar do seu personagem e vive com ele todas as emoções escritas nas páginas do livro. A leitura volta ao passado algumas vezes, mas é, em geral, retilínea. Assis tem a ironia, a melancolia e a beleza na ponta da caneta (ou da pena) e passa toda sua sabedoria para aquela amáveis letras.
Fiquei extremamente apaixonada pelo livro, pelos personagens, pelo modo que o autor foi encaminhando a história e, também, pela mini-série de 2008. Acho que esse é o tipo de livro necessário em todo criado-mudo e que todos devem ler, não só para fazer trabalhos escolares. Minha nota é, claro, 10! E a você, querido leitor, faço uma súplica: dê uma chance ao mundo Machadiano.
"Tudo acaba, leitor, é um velho truísmo a que se pode acrescentar que nem tudo dura muito tempo"

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Zona Morta

Olá, caros leitores. Acho que o título do livro que vou falar hoje tem bastante a ver com a situação do blog ultimamente. Isso se deve ao fato de eu ter simplesmente parado de ler desde Outubro. Uma vergonha, eu sei, mas aconteceu. Agora voltei bela e radiante para falar do livro que eu acabei de ler (para ser mais exata, acabei de ler há 32 minutos). Então, chega de enrolação e vamos ao que interessa.
"A Zona Morta" foi o meu primeiro livro do Stephen King. Comprei na Bienal, estava em promoção e eu paguei a bagatela de R$9,90. Resolvi não comprar "À Espera de um Milagre" porque me arrebentei de chorar vendo o filme e acho que não ia aguentar isso de novo e mil vezes pior. Também não quis comprar "O Iluminado" porque todo fã de Friends sabe que esse é o livro favorito do Joey e, quando a leitura fica assustadora e ele tem medo, ele coloca o livro no congelador. Estranho, eu sei, mas esse meu pensamento não me deixou comprar "O Iluminado": tive medo de acabar colocando-o no congelador. Resolvi, por fim, levar "A Zona Morta".
A história é sobre um professor chamado Johnny Smith que, após sofrer um grave acidente de carro, fica quatro anos e meio em coma. Quando Johnny acorda, percebe que tudo mudara em sua vida, inclusive em seu cérebro. Acontece que há uma parte nele, a chamada Zona Morta, que não reconhece certos objetos e lugares. Graças à essa área, Johnny ganha poderes paranormais e, com apenas um toque, consegue ver a vida de uma pessoa na sua mente. Ao conhecer Greg Stillson, um deputado perigoso, Johnny o vê como presidente e o país afundado em uma guerra nuclear. E cabe a Johnny Smith salvar o futuro dos Estados Unidos.
É uma história rica em mudanças de tempo e de cenários. Volta-se ao passado para explicar o que ocasionou certo acontecimento e viaja-se ao futuro diversas vezes. Talvez isso possa te deixar confuso algumas vezes, assim como eu fiquei, mas é só uma questão de atenção. Há também enormes misturas de discurso direto com discurso indireto, primeira pessoa com terceira pessoa, dentre outros tipos de confusão. Contudo, devo confessar que adorei o modo que King levou a sua história desde o início. Tudo muito bem caracterizado e com uma narração eletrizante. Para ser bem sincera, é uma história muito eletrizante. Você pode até pensar: "nossa, que grande besteira essa de um homem acordar de um coma com poderes psíquicos", mas não! Não é uma grande besteira. É um história muito boa.
Mas é aí que eu vou me limitar. Adorei a história e o modo como ela foi escrita, mas há alguns quesitos que me decepcionaram. Por exemplo, a necessidade que o autor mostrou em expressar desprezo por Deus e seus seguidores. Em inúmeras partes do livro, fala-se de religião como algo doentio e King faz um esforço muito grande para botar alguma dúvida sobre Deus no ar. Uma vez ou outra até dava para aguentar, mas isso ocorre muitas e muitas vezes durante a leitura. Não estou dizendo que não gostei por se tratar de Deus, mas por ser uma atitude repetitiva e massante. Não gostei mesmo disso na história e por causa disso eu não indico esse livro. A não ser, é claro, que você não se importe com esses detalhes. Porque, volto a repetir, a história vale a pena, menos essa parte pedante e muito, muito chata do autor.
Para quem interessar possa, esse livro virou filme, como muitos outros do autor. "Na Hora da Zona Morta" é um longa de 1983. Acho até que vou assistir. Gosto de ver como os livros que leio ficam quando vão para a telona.
Essa é a minha opinião sobre "A Zona Morta" e espero que entendam. Talvez eu leia outros livros do Stephen King e talvez eu goste mais do que esse. Minha nota para esse livro seria 7. E você? O que acha sobre o livro e o post?
"Todos nós fazemos o que podemos, e isso tem de ser bom o bastante... e se não é bom o bastante, temos de continuar fazendo."