O livro começa num ritmo bem lento. Clarice usa um pseudônimo, Rodrigo S.M. , e conta a história de Macabéa (amei esse nome), uma nordestina que veio trabalhar no Rio de Janeiro. Macabéa é uma mocinha que não sabe nada da vida. Inocente e pobre, a personagem principal não sabe falar nomes difíceis, nem entende a lei dos homens. Tem como companheira a Rádio Relógio, sua maior ligação com o mundo. Macabéa se apaixona por Olímpico de Jesus, também nordestino. Porém, Olímpico troca Macabéa por sua amiga Glória. A mocinha, então, visita uma cartomante, que prevê um futuro muito diferente do que realmente estava para acontecer.
Minhas considerações não são poucas. Achei o começo chato. Bem chato. Clarice usa um recurso que deixou tudo muito massante: ela vai descrevendo todo o processo criativo da história, o chamado discurso metalinguístico, e isso deixa o texto pesado. Sem falar na melancolia e nas reflexões sobre a vida que o narrador não se contenta em fazer apenas uma vez. Só comecei a me interessar realmente pela história quando Macabéa conhece Olímpico. Então, o sentimento de tédio mudou para o de raiva. Raiva do Olímpico, aquele brutamontes grosseiro. Não sabia lidar com a Macabéa, que a essa altura já estava morando no meu coração, e isso me irritava muito. Fiquei feliz quando eles terminaram. E vou explicar porque a mocinha me agradou: sua inocência. Achei que ela era muito fofa e, sendo uma pobre coitada, muito simples e carinhosa. Fiquei realmente encantada com ela.
Em suma, acho que o ponto central do livro é fazer uma reflexão sobre as nossas condições de vida, a importância que damos a certos assuntos. Faz você pensar mesmo e isso me agradou. O ponto negativo foi a lentidão da história. Por isso, daria nota 7 para o livro. Indico sim, porque, como disse meu amadíssimo professor de Português, toda mulher se preze deve ler Clarice Lispector.
"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."